sexta-feira, 1 de junho de 2012

Vergonha

VERGONHA



Sinto vergonha; Logo, sei que sou finito.

A vergonha existe na Terra desde os tempos que Adão e Eva foram expulsos do Éden, ambos perdendo o seu direito de ser feliz por toda eternidade, tendo agora que conviver com seus estados emocionais e fisiológicos, regidos por uma consciência que lhes julga desonra, desgraça e condenação. Está fábula histórica mostra como o ataque a dignidade das pessoas causa uma sensação de vergonha. Ao ser expulso, insultado ou exposto publicamente, percebemos o quão vulneráveis somos e quão dependentes somos da dignidade. Um simples ato que consiga nos constranger, pode nos separar do restante da humanidade. Porém não é o ato em si que nos envergonha e sim as concepções da sociedade do que é certo ou errado que desonra os seres humanos.
Um leão com "vergonha"
A vergonha se apresenta como uma das emoções mais intensas. As pessoas que se envergonham facilmente podem sentir-se totalmente desprezíveis e inúteis. Por conta disso muitas vezes é utilizada para regular certos comportamentos quando em sociedade, assim como é feito com o sentimento de culpa. Um exemplo comum é quando um criminoso é capturado. Em alguns países, o foco se dá no ato da captura, viabilizando a força do sentimento de culpa imposto pela sociedade, enquanto em outras culturas o que reforça é a vergonha, valorizando o sentimento do indivíduo e afetando-o no seu íntimo.
A força de controle que o sentimento de vergonha impõe, atuante pela reprovação associada, é muito eficiente para pautar o comportamento das massas, garantindo a conduta do grupo. Presente desde os tempos bíblicos, o domínio pela vergonha nos faz sentir incapazes de realizar o que desejamos na frente de outros, lembrando nosso inconsciente de que sempre irá existir algo maior que o coletivo, nos julgando infinitamente.

   
Referências
ASSADI, T. C., Vergonha - Coleão Emoções, São Paulo, Duetto Editorial, 2010.


Igor Deorce

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